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Lições da Black Friday nos Estados Unidos

Lições da Black Friday nos Estados Unidos

Fernando Gamboa, diretor da área de retail do gA (Grupo ASSA), destaca como o Brasil pode aprender com um dos maiores varejistas do mundo, além dos conceitos tradicionais e verdadeiros da Black Friday, existe muito espaço para as inovações

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São muitos os ensinamentos  que podem ser  extraídos do  período da Black Friday nos Estados Unidos. Isso mesmo, período, pois por lá este tipo de evento definitivamente deixou de acontecer somente na sexta feira. Não apenas em relação às  vendas do e-commerce que seguem crescendo anos após ano e têm um pico muito interessante na Black Friday. Trata-se do bom e velho varejo tradicional, o que acontece nas lojas físicas, tanto nas de rua como nos outlets, principalmente no segmento de fashion retail, com as vendas de vestuário, calçados e acessórios.

 

O que primeiro chama a atenção nas lojas físicas é a diminuição da concentração das vendas na própria sexta. E isso se deve a alguns motivos que acabaram complicando a vida dos varejistas, como, por exemplo, conviver com vendas represadas ao longo da semana, uma vez que todos esperavam a sexta para comprar. Isso também gerava um desafio para o abastecimento das lojas, pois tentar abastecê-las ao longo da própria sexta não é tarefa simples.

 

Se o grande objetivo é vender os produtos que estão no estoque,  para liberar a loja, renovar seu mix e incluir novos produtos, por que não aumentar o período de ofertas diferenciadas, a fim de melhorar todo o processo e aumentar as oportunidades? Atenção, aumentar o período não significa banalizar o conceito.

 

Além destes pontos, é importante lembrar que a experiência de compra na própria Black Friday nem sempre é das mais agradáveis, por estarmos falando de um dia sempre marcado por sortimento reduzido (é quase impossível encontrar algo de lançamento no sortimento das lojas na Black Friday) e por longas filas, seja para entrar nas lojas, para escolher as peças, provar e depois, finalmente, para conseguir pagar. Em uma loja disputada, este tempo total gasto em filas chega facilmente a duas horas, o que é bastante cansativo e nada animador.

 

Como resposta a estes desafios e pontos negativos, o que vimos este ano foi que os preços e demais peculiaridades do “dia” Black Friday passaram a ser praticados antes. Os preços, por exemplo, já passam a valer no sábado ou domingo anterior a Black Friday. Isso faz com que a remarcação de toda a loja não precise ser feita em uma única madrugada ou no feriado de Thanksgiving; além disso, com preços agressivos logo no começo da semana, as vendas apresentam maior regularidade e não ficam represadas. Facilita com que as lojas possam ser reabastecidas mais vezes. E com certeza a experiência de compra melhora, pois as filas diminuem consideravelmente.

 

Outro ponto interessante sobre a dinâmica da Black Friday nos Estados Unidos são as lojas que não participam deste evento. Aqui se enquadram as lojas de departamento multimarcas como ROSS ou Marshall, conhecidas como off-price, por praticarem preços agressivos e bem abaixo do praticado no varejo regular, mesmo vendendo itens de qualidade e de marcas tradicionais. Nestes casos, não é possível que os preços sejam reduzidos além do que já são praticados regularmente.

 

E ainda temos as lojas conceito, que também não entram na Black Friday, mas que brindam uma experiência de compra sem igual, tudo suportado por muita tecnologia. Em lojas como Apple e Nike, o vendedor é um especialista nos produtos que está vendendo e está apto a tirar qualquer dúvida, consegue executar uma venda técnica e consultiva. Ele tem um dispositivo mobile e opera todas as suas atividades com apenas alguns cliques na tela.

 

Ele vai desde a  solicitação ao estoquista do modelo desejado e no tamanho indicado, usando leitura de QR Code e produto com tag RFID, até processar a venda, receber o pagamento em cartão ou dinheiro ali mesmo, no meio da loja e enviar o recibo no e-mail indicado. Tudo isso sem filas e com a ajuda de um único dispositivo mobile. Isso é o melhor exemplo prático de transformação digital, onde a tecnologia mobile permite que novos modelos de negócios sejam operados.

 

Fica a lição para os varejistas brasileiros trabalharem para que, além dos conceitos tradicionais e verdadeiros da Black Friday, as inovações se tornem realidade aqui no Brasil. Sem dúvida, a experiência de compra vai melhorar de forma expressiva,  a operação ficará mais eficiente e o resultado será positivamente impactado.

 

*Fernando Gamboa é diretor da área de retail do gA (Grupo ASSA)